EUA aprovam tratamento inovador com terapia celular para câncer

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23/01/2024 17h02

Apesar de ter inicialmente sido aprovado apenas para os casos de melanoma, o tipo de câncer de pele mais mortal, especialistas dizem que o Amtagvi é promissor para o tratamento de outros tumores sólidos, que representam 90% de todos os cânceres.

A Food and Drug Administratrion (FDA), a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, aprovou a primeira terapia de células TIL (linfócitos infiltrantes de tumor) para o tratamento de tumores sólidos. O medicamento, chamado Amtagvi, foi desenvolvido pela Iovance Biotherapeutics e é indicado apenas para pacientes com melanoma metastático que já passaram por outros procedimentos, mas sem sucesso.

Essa droga, que atua aumentando o número de células imunológicas nos tumores, recebeu aprovação rápida com base nos resultados de um ensaio clínico de fase 2. A Iovance Biotherapeutics, agora, está conduzindo um estudo maior de fase 3 para confirmar os seus benefícios.

“Isso vai ser enorme”, afirmou Elizabeth Buchbinder, médica sênior do Dana-Farber Cancer Institute, que não esteve envolvida no estudo, à rede NBC News. “O melanoma não é um daqueles tipos de câncer no qual existem cerca de 20 tratamentos possíveis diferentes. Você começa a ficar sem opções rapidamente.”

Apesar de ter inicialmente sido aprovado apenas para os casos de melanoma, o tipo de câncer de pele mais mortal, especialistas dizem que o Amtagvi é promissor para o tratamento de outros tumores sólidos, que representam 90% de todos os cânceres.

“Esperamos que futuras interações da terapia TIL sejam importantes para o câncer de pulmão, câncer de cólon, câncer de cabeça e pescoço, câncer de bexiga e muitos outros tipos de câncer”, observou Patrick Hwu, executivo-chefe do Moffitt Cancer Center e esteve envolvido nos ensaios clínicos do tratamento da Iovance.

Terapia TIL

A terapia TIL é um procedimento único. Nela, as células são colhidas do tumor do paciente e depois cultivadas e multiplicadas em laboratório durante cerca de 20 dias. Enquanto isso acontece, as pessoas em tratamento recebem quimioterapia. Na etapa seguinte, as células TIL são reinfundidas de volta ao corpo e, também, é administrado um medicamento chamado interleucina-2 para estimulá-las ainda mais.

De acordo com Hwu, a TIL não causa muitos efeitos colaterais, e sim, a quimioterapia e a interleucina-2 – eles incluem náuseas e fadiga extrema e, além disso, os pacientes ficam mais vulneráveis a outras doenças porque o corpo está esgotado de glóbulos brancos que as combatem.

A FDA comunicou que as reações adversas comuns associadas ao Amtagvi incluem frequência cardíaca anormalmente rápida, acúmulo de líquidos, erupção cutânea, perda de cabelo e falta de ar. E, como afirma Steven Rosenberg, chefe do ramo de cirurgia do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, elas podem ser controladas. “São um pequeno preço a pagar por um câncer em crescimento que, de outra forma, seria letal.”

William Dahut, diretor científico da American Cancer Society, no entanto, pondera que introduzir bilhões de células de volta no corpo pode ter consequências. “Existem riscos de efeitos colaterais relacionados ao sistema imunológico, que podem ser graves”, disse ele.

O ponto é que o sistema imune do corpo pode reagir exageradamente – uma condição conhecida como tempestade de citocinas –, causando sintomas semelhantes aos da gripe, pressão baixa e danos a órgãos.

Apesar disso, Dahut enfatiza que a aprovação da terapia TIL é “significativa”. “O que é bom nisso é que os pacientes receberão uma ampla variedade de linfócitos que combatem tumores, que conseguirão superar a resistência e também serão uma terapia viva ao longo do tempo, para atingir células cancerígenas adicionais, caso se desenvolvam.”

Nem todos os pacientes terão bons resultados

A NBC News destaca que não se espera que a nova terapia funcione para todos os pacientes com melanoma metastático. Dados dos ensaios clínicos que a Iovance Biotherapeutics apresentou ao FDA mostraram que os tumores diminuíram em cerca de um terço dos participantes.

Friedrich Graf Finckenstein, diretor médico da farmacêutica, revelou que em metade desses casos os tumores encolherem durante pelo menos um ano. “Alguns desses pacientes até tiveram o tumor completamente desaparecido.”

O objetivo da terapia, complementou Hwu, “é livrar-se do câncer e mantê-lo afastado. Essas células imunológicas permanecem no corpo e vivem no corpo por décadas”.

A aprovação do tratamento para outros tipos de câncer pode levar anos para acontecer, pois são necessárias muito mais pesquisas. Um ensaio clínico que a própria Iovance realizava para câncer de pulmão de células não pequenas teve de ser interrompido após a morte de um participante.

O caso está sob investigação, e a companhia disse que pode ter sido resultado de quimioterapia ou interleucina 2.

Texto: Época Negócios

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